Filme ‘HAFU” mostra mestiços e famílias no Japão.

A palavra Hafu (ou haafu) é, naturalmente derivado da palavra Inglês “half”(metade), ou seja, 50%. Mas quando no Japão é usada para se referir a uma pessoa, eles simplesmente querem salientar que ele ou ela é “mestiço”, e que a outra metade da sua identidade é quase sempre (embora não em todos os casos) Japonesa apesar de que quase nunca lembrada.

 

HAFU-film

O filme “Hafu” já foi exibido no exterior por um bom tempo, o projeto teve inicio em 2008 e o filme gravado durante 2009 sendo finalizado em 2010, e finalmente terá sua primeira exibição no Japão no dia 05 de outubro(2013) no Uplink em Shibuya, Tokyo.
O filme apresenta quatro hafus e uma família cujos filhos são de raça mista. É uma tentativa sociológica iniciada por dois cineastas, Megumi Nishikura e Lara Perez Takagi. As cineastas convidaram alguns mestiços para responder às perguntas sobre o que significa ser Hafu e/ou japonês e como tal experiência define formas no Japão.  Veja abaixo trailer oficial.

A Yoshimoto Kogyo, uma das maiores empresas de entretenimento no Japão, vai fazer também destacar os mestiços, em uma espécie de talk show em Shibuya, em setembro, com um grupo de Hafu comediantes.

O tema do “Hafu Comedian Japan!” será apresentado no dia 04 de setembro e irá destacar dez comediantes da Yoshimoto, cujo um dos pais não é japonês.

Abaixo você pode ver duas das duplas de comédia da Yoshimoto, Denis (à esquerda) e Matenrou (à direita).

yoshimoto-half-comedians

Yukio Ueno faz parte da Denis e Antony do Matenrou – as duas duplas tem hafus. Eles vão estar no show para falar sobre sua experiência cotidiana de ser Hafu no Japão, que na maioria dos casos é fazer piadas auto-depreciativas. Mas se você ouvir atentamente as suas histórias, algumas de suas histórias podem muito bem ser visto como uma série de encontros diários com as pessoas, que institui certas imagens do desconhecido e que muitos estrangeiros passam por aqui.

Ueno é mestiço de brasileiro e japonês. Ele diz que é um alvo fácil para a polícia, que não raramente era parado. Em outra ocasião, quando ele foi para um izakaya(bar) com seus amigos, sua otoshi (aperitivo trazido automaticamente para a mesa de cada cliente) foi de pipoca enquanto todos os clientes tinham kiriboshi-daikon (rabanete ralado seco), um aperitivo que é muito “japonês”.

Antony, por outro lado, muitas vezes fala sobre como ele foi capaz de atender às expectativas das pessoas ao longo de sua vida. Só o fato de que ele não pode falar Inglês parece surpreender a muitos, inclusive os estrangeiros no Japão, que se aproximam dele, sem nunca pensar que a sua língua materna poderia ser o japonês.

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Enquanto alguns hafus como esses comediantes transformar suas experiências em entretenimento para o resto do Japão ver e apreciar, existem outras abordagens para destacar os mestiços no Japão.

Claro que há mais variedade de hafus no Japão do que os que vão se apresentarem no evento da Yoshimoto acima e que o filme pôde cobrir, mas o fato de que hafus no Japão ainda se destacam muito nos diz que isso pode depender de sua vontade e, talvez, a coragem e também,a aceitar e abraçar as diferenças.

Eu mesmo sou descendente de japoneses, e muitas vezes pensam que sou japonês, as pessoas ficam surpresas ao verem que não sou, principalmente pelo fato do meu nihongo não ser muito bom, mas achei bacana essa iniciativa da Yoshimoto e do filme, pois mostram uma realidade que já esta acontecendo, há muitos mestiços e estrangeiros no Japão e boa parte da população principalmente nos grandes centros, já se habituaram com essa mistura, mas ainda há muitos que estranham, o preconceito sempre vai existir, mas é legal ver iniciativas como essa, que visam mostrar esse lado da população japonesa ou que escolheu viver no Japão.

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